Porque precisamos substituir Bolsonaro, JÁ.
A substituição do presidente Jair Bolsonaro tornou-se uma exigência da nova realidade criada pelo Coronavírus porque a pandemia provocou uma imprevista mudança nas prioridades econômicas do país. Se antes vigorava entre os empreendedores o foco na economia privada, o Coronavírus promoveu um giro de 180 graus nas prioridades econômicas ao forçar a concentração dos esforços na economia pública.
A troca de presidentes tornou-se uma necessidade urgente porque Bolsonaro não tem condições pessoais, emocionais e ideológicas para comandar uma mobilização nacional e coletiva e reconstruir o país quando a pandemia passar. Bolsonaro está comprometido com a economia privada e não tem capacidade para liderar um esforço onde a meta principal são todos os brasileiros e não apenas o setor empresarial privado, por mais importante que ele seja.
Estamos diante de uma encruzilhada crucial: promover uma a mobilização nacional para frear uma pandemia e, em seguida, curar as feridas sociais e econômicas que ela vai deixar, ou focar na proteção de empresas privadas sob o pretexto de que elas criam empregos. A escolha é entre um líder que pense no país como um todo ou entre um presidente que pense apenas no PIB e na manutenção das empresas, usando o emprego como pretexto.
Um governante que pense no país como um todo terá que priorizar a sobrevivência de todos tanto no combate ao Coronavírus como na distribuição universal dos recursos estatais já que a pandemia afeta e afetará a todos. O que está em jogo agora é o que os técnicos chamam de capital social, formado por bens imateriais como solidariedade, espírito de grupo, motivação etc que estão na base da reconstrução nacional, passada a devastação deixada pelo Coronavírus. Sem esta motivação que precisa ser estimulada por uma liderança identificada e comprometida com a reconstrução nacional, não será possível suportar os sacrifícios e privações que inevitavelmente virão.
A falsa opção entre saúde e emprego
Sem o capital social, sobra o capital privado, cujas estratégias terão que ser impostas pela força, ou do dinheiro ou das armas, porque será impossível cobrar cordialmente sacrifícios de todos se só uns poucos serão mais beneficiados. Os defensores da falsa opção pelo emprego contra o confinamento alegam que a falência de empresas vai aumentar o desemprego e alimentar revoltas sociais, mas se esquecem que é justamente o presidente da Republica que deve evitar tudo isto ao preocupar-se com todo o país, com todos os brasileiros e não apenas com os que têm empresas.
Não se trata de sacrificar as empresas em nome do combate ao Coronavírus. Elas são e serão absolutamente essenciais para o país, mas o problema é que a pandemia quebrou modelos e estratégias econômicas baseadas no capital privado. Dada a necessidade de alimentar o capital social para que ele alavanque a reconstrução, as empresas precisam rever seus projetos e modelos de crescimento.
Isto já aconteceu na Alemanha após duas guerras mundiais onde o país teve que se reerguer das cinzas. Aconteceu nos Estados Unidos após a Grande Depressão de 1929 quando o governo injetou somas bilionárias em obras públicas que deram emprego a milhões de norte-americanos. Uma liderança nacional conseguiu transformar uma tragédia social e econômica na alavanca para o crescimento nacional.
A opção entre confinamento e emprego é falsa do ponto de vista teórico porque foi criada para ideologizar e disfarçar um problema que é concreto: a necessidade de pensar no bem público numa hora em que um pandemia colocou em segundo lugar o interesse privado. Mas ela é ainda mais enganadora quando se leva em conta que uma decisão precisa ser tomada por quem dirige este país. E o atual inquilino do Palácio do Planalto não tem condições de liderar o esforço nacional e coletivo para reconstruir nossa economia e nosso país quando o Coronavírus deixar de ser uma ameaça concreta à nossa sobrevivência física.
A troca imediata do chefe de governo, na conjuntura atual, é parecida com a troca do treinador de um time de futebol que não consegue ganhar partidas. Quanto mais rápida for realizada a escolha de um novo técnico, mais cedo os jogadores se sentirão motivados para um esforço extra para recuperar os pontos perdidos. Quanto mais tardar a substituição, mais difícil e maior o esforço para recuperar o que foi perdido. Seria aplicar à atual conjuntura nacional a sabedoria dos vestiários.